Esta informação destina-se a profissionais de saúde
É um profissional de saúde
Se os esforços de diagnóstico não permitirem obter um diagnóstico definitivo para algumas das causas mais comuns de hipertrigliceridemia (HTG), a SQF pode ser uma possibilidade.
Se suspeitar que o seu doente tem a SQF, utilize a ferramenta de FCS score para apoiar as suas decisões clínicas.1 As informações aqui fornecidas servem de orientação e não devem ser consideradas um diagnóstico por si só.
Se os seus resultados indicarem que a SQF é improvável (≤9), reconsidere outras causas potenciais. Para se familiarizar com outras causas de HTG, clique no seguinte botão:
O seu doente deve realizar o teste genético da SQF se a pontuação do score FCS indicar que a SQF é muito provável (≥10).1 Poderá pedir este teste você mesmo, ou poderá ter de encaminhar o seu doente para um especialista em lipidologia.
A HTG grave tem uma base genética complexa. Nalguns casos, mutações de perda de função em homozigotia, em heterozigotia composta, em ou heterozigotia dupla podem originar HTG grave e quilomicronemia em jejum de origem monogénica, conhecida como SQF.2,3
80-90% dos doentes com quilomicronemia monogénica têm mutações no gene da lipoproteína lipase (LPL).4 A LPL desempenha um papel essencial no metabolismo das lipoproteínas e a incapacidade de hidrolisar triglicéridos devido a deficiências na LPL ou num dos seus cofatores conduz a HTG grave.2,4
A acumulação de múltiplas variantes de baixo efeito pode originar hipertrigliceridemia poligénica, como no caso da quilomicronemia multifatorial (QMM).1,2
A QMM, também conhecida como "quilomicronemia de início tardio" (em oposição à SQF, que pode tornar-se sintomática na infância), tem um fenótipo semelhante ao da SQF e foi demonstrado que é 40 a 60 vezes mais prevalente do que a SQF.3,5,6 A QMM é caracterizada por uma combinação de diferentes fatores: suscetibilidade genética, comorbidades e fatores ambientais, como a dieta.1,5,6
Figura adaptada de Moulin et al1
De acordo com a pontuação do FCS score, o teste genético para HTG deve ser efetuado nos doentes que apresentam:1
Triglicéridos plasmáticos extremamente elevados (>885 mg/dL ou 10 mmol/L)
Pancreatites recorrentes
Foram excluídas causas secundárias (como diabetes não controlada ou consumo excessivo de álcool)
O teste genético para a HTG utiliza um painel de sequenciação de ADN de nova geração para investigar mutações em genes envolvidos no metabolismo dos TG.5 O painel inclui o gene LPL e outros genes conhecidos como causadores de SQF:2,5
LPL (lipoproteína lipase)
ApoC2 (apolipoproteína C2)
ApoA5 (apolipoproteína A5)
LMF1 (fator de maturação da lipase1)
GPIHBP1 (proteína 1 de ligação à lipoproteína de alta densidade ancorada ao glicosilfosfatidilinositol 1)
GPD1 (glicerol-3-fosfato desidrogenase-1)
CREB3L3 (proteína 3 semelhante à proteína 3 de ligação ao elemento de resposta ao AMP cíclico)
Encaminhamento para um especialista: Se a sua especialização for noutra área médica, considere a possibilidade de colaborar com um colega especializado em lipidologia.
Os relatórios genéticos podem ser difíceis de interpretar e os resultados dos testes da SQF podem nem sempre ser imediatamente claros. Contacte com o seu laboratório de testes genéticos para obter esclarecimentos, caso necessite de apoio adicional para interpretar os resultados do seu doente.
O seu doente pode consultá-lo para obter orientações durante a procura de informações sobre a sua doença rara, recentemente confirmada. Para saber mais sobre a forma de ajudar o seu doente a gerir os sintomas, clique no seguinte botão.
Abreviaturas: ApoA5, apolipoproteína A5, ApoC2, apolipoproteína C2, CREB3L3 (cyclic AMP-responsive element-binding protein 3-like protein 3, GPD1, glicerol-3-fosfato desidrogenase-1, GPIHBP1, proteína 1 de ligação à lipoproteína de alta densidade ancorada ao glicosilfosfatidilinositol, HTG, hipertrigliceridemia, LMF1, fator de maturação da lipase 1, LPL, lipoproteína lipase, QMM, quilomicronemia multifatorial, SQF, síndrome de quilomicronemia familiar.
Referências:
1. Moulin P, et al. Identification and diagnosis of patients with familial chylomicronaemia syndrome (FCS): Expert panel recommendations and proposal of an "FCS score". Atherosclerosis. 2018;275:265–272.
2. Bashir B, et al. Severe Hypertriglyceridaemia and Chylomicronaemia Syndrome— Causes, Clinical Presentation, and Therapeutic Options. Metabolites. 2023; 13(5):621.
3. Brahm AJ, Hegele R. Chylomicronaemia--current diagnosis and future therapies. Nat Rev Endocrinol. 2015;11:352–62.
4. Davidson M, et al. The burden of familial chylomicronemia syndrome: Results from the global IN-FOCUS study. J Clin Lipidol. 2018;12(4):898–907.
5. Paquette M and Bernard S (2022) The Evolving Story of Multifactorial Chylomicronemia Syndrome. Front. Cardiovasc. Med. 9:886266
6. Warden BA, et al. Chylomicronemia syndrome: Familial or not?. J Clin Lipidol. 2020;14(2):201-206.
Abril de 2024 NP-33063